domingo, 22 de abril de 2012


Orgulho e Admiração! Os Vates são a voz da Poesia, ninguém melhor que eles pra mostrar a veia poética nascida na nossa terra .. Parabéns Vates e Violas!

O site oficial de Paul McCartney terá um pedaço da cultura nordestina. A PlanMusic, produtora oficial do show de Paul no Brasil, gravou um vídeo com a banda Vates e Violas em comemoração aos 70 anos do ex-Beatle. Em forma de repente, Miguel Marcondes e Luis Homero, gravaram o vídeo no estádio do Arruda, no dia 21 de abril. Das 15h às 19h, Vates e Violas contaram a trajetória do maior nome da música mundial na atualidade.

Um dos maiores cantadores de viola da atualidade "João Paraibano" ,poeta de Afogados da Ingazeira-PE .




HABEAS POETA – DA AUTORIA DE JOÃO PARAIBANO




Doutor, eu sei que eu errei,
Por dois fatos: dama e porre
Por amor se mata e morre
Eu não morri, nem matei
Apenas prejudiquei
Um ambiente de classe
Depois de apanhar na face,
Bati na flor do meu ramo
Me prenderam porque amo,
Quanto mais se odiasse.

Poeta mesmo ofendido
Ainda oferece afeto
Faz pena dormir no teto
Da morada do bandido
Se humilha, faz pedido
Ninguém escuta a voz sua
Sem ver o sol, nem a lua,
Deixando um espaço aceso,
Pra que um poeta preso
Com tanto ladrão na rua?

Sei que não sou marginal,
Mas por ciúmes de alguém
Bebi pra fazer o bem,
Acabei fazendo o mal
Eu tendo casa, quintal,
Portão, cortina e janela
Deixei pra dormir na cela
Com minha cabeça lesa
Só sabe a cruz quanto pesa
Quem tá carregando ela.

Poeta é como passarinho
Que quando está na cadeia
Sua pena fica feia,
Sente saudades do ninho,
Do calor do filhotinho,
Do fruto da imensidade
Se come, deixa a metade
Da ração que o dono bota
Se canta esquece uma nota
Da canção da liberdade.

Doutor, se eu perder meu nome
Não vejo mais que me empreste,
A minha mulher não veste,
A minha filha não come,
A minha fama se some
Para nunca mais voltar
Não querendo lhe comprar,
Pois humildemente lhe peço
Por favor, rasgue o processo
Deixe o poeta cantar!

Grande "Dedé Monteiro"


Biografia do poeta


Dia 13 de setembro,
Ano de quarenta e nove,
já Tabira emancipada,
Barro Branco se comove:
O casal Olívia-Antonio,
Por bênção do matrimônio,
Recebe, com muito amor,
Cheio de esperança e fé,
O poetinha Dedé,
Na “Casinha do Tambor”.



Ano de cinquenta e três,

Acontece a novidade:
Dedé deixa o Barro Branco
E vem morar na cidade.
Dezembro, sessenta e dois,
Finda o primário e, depois,
No fim de sessenta e seis,
Atinge o ponto final}
Do curso ginasial,
Feliz por tudo o que fez!


É nesse tempo, também,

Que faz seus primeiros versos,
Que estão por aí afora,
Extraviados, dispersos...
Versos simples e inocentes,
Que só mostrava aos parentes,
Gente de fora não via...
Mostrava aos de casa, sim,
Porque parente é assim:
Aplaude até porcaria.  [...]



O poeta Dedé Monteiro glosando o mote:

"Quando a dor é dividida
qualquer comprimido cura."

Disse:

Uma doença que humilha

uma mãe - joia sagrada,
é bem melhor suportada
depois que se compartilha.
Esposo, irmãos, filho, filha...
Um no outro se segura
E a morte - dama obscura,
vai atrás de outra guarida.
Quado a dor é dividida
qualquer comprimido cura.

-
SONETO DE REVOLTA

Que culpa tenho de ser diferente?
Amar as artes, por ventura, é crime?
Tudo é mutável , e o irreverente
Não se acostuma com qualquer regime.

Contra a vontade rude e indiferente,
Eu sou amante do sagrado time
Que empresta a alma, sofre, cria e sente,
E se sente nojo do poder que oprime.

Aprendam isso: gente não doma.
Pichem meu nome, rasguem meu diploma...
Aceito tudo com tranqüilidade.

Se acharem pouco, cubram-me de lodo,
Cortem meu riso, me excomunguem todo,
Mas não me toquem na dignidade!

 (Na foto o poeta e apresentador de festivais de cultura -Felisardo Moura,eu-Lara Moura,e o grande Poeta Enoc Ferreira.)


O poeta Enoc Ferreira é de São José dos Cordeiros-PB , Declamador e profundo conhecedor da história do Brasil, é um genial poeta , que eu sou fã .






Pelo visto, daqui pra o fim do ano,
È certeza que água vai faltar,
Pra beber,pra lavar,pra cozinhar,
Só se for de algum poço artesiano,
Nessa água quem for lavar um pano,
Ela corta a espuma do sabão,
Da que encrua caroço de feijão,
Assim mesmo é melhor do que não ter
"SE PASSAR MAIS UM ANO SEM CHOVER
VAI FICAR POUCO BICHO NO SERTÃO."

                                     

Alguns passam por essa vida e nos deixam coisas muito valiosas, as quais se constituem num legado. Porém, esse tesouro deve ser compartilhado, propagado, divulgado. Não pode ser guardado ou muito menos olvidado. O esquecimento a que relegamos personagens da nossa cultura e história é algo doloroso e que nos causa grande prejuízo. Entre tantas personalidades, resolvi hoje lembrar de Emygdio de Miranda – um poeta sensível, talentoso, boêmio e pobre, vencido pelo vício do álcool que o levou quando contava apenas 36 anos.

Waldemar Emygdio de Miranda nasceu na cidade do Recife, em 05 de agosto de 1897. De acordo com o pesquisador Luiz Wilson, seus pais foram o professor Auxêncio da Silva Viana e sua esposa D. Maria dos Passos de Miranda Andrade, que se fixaram em Serra Talhada, abrindo uma escola na sua residência, na Praça Sérgio Magalhães, tendo tal fato acontecido no princípio do século passado até mais ou menos o ano de 1920. Ali viveu Emygdio até os 18 ou 19 anos de idade, conforme nos conta Luiz Wilson.


                         


Não devolvas as cartas comovidas
Por muito tempo entre nós dois trocadas
Pode mesmo guardá-las encondidas
Como lembranças de ilusões passadas

Não devolves as flores perfumadas
Que conservaram as nossas mãos unidas
Não,não devolves as tristes margaridas
Nem as brancas saudades desfolhadas

Não devolves os versos de improviso
Que na areia da praia eu te ofertei
Decantando o primôr do teu sorriso

Não,não devolves nada que eu te dei
Mas devolves,devolves que eu preciso
Daqueles mil reais que eu te emprestei .






"Ode ao Pajeú"

Amplo, enorme, a rolar em giros caprichosos,
Desce o rio, invadindo as roças e as pastagens;
E avoluma-se e cresce em convulsões selvagens,
Sultão, domina a várzea e os montes pedregosos...

Escavando os grotões, mergulhando as ramagens,
Passa ufano, a cantar os seus efeitos gloriosos.
Geme o vale humilhado aos ímpetos raivosos,
Desse rio hibernal de eternas vassalagens...

Herói, de inverno a inverno, audaz assoberbado,
Não respeita a miséria e a dor do desgraçado,
Que o trabalho perdeu... a roça... o próprio pão

E sereno, sem dó da dor que rude espalha,
Vai cantando, a rolar... e entre moitas farfalha
E não chora, porque nasceu sem coração
.


                             
               Nosso amor foi encanto e desencanto
               Foi silêncio em verdade,em labirintos
               Teve a sede da língua dos famintos
               E a levesa da sombra,do espanto
               Transformou em sorriso todo pranto
               Que existia nos olhos do perdão
               Fez transplante e doou o coração
               Por segundos viveu sem ter vivido
               "NOSSO AMOR FOI UM FILME COLORIDO
               QUE QUEIMOU NA PRIMEIRA EXIBIÇÃO."

                           [Luiz Homero,o grande.]

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Patativa do Assaré





Biografia do poeta

Patativa do Assaré era o nome artístico (pseudônimo) de Antônio Gonçalves da Silva. Nasceu em 5 de março de 1909, na cidade de Assaré (estado do Ceará). Foi um dos mais importantes representantes da cultura popular nordestina.


Vida e obras 
Dedicou sua vida a produção de cultura popular (voltada para o povo marginalizado e oprimido do sertão nordestino). Com uma linguagem simples, porém poética, destacou-se como compositor, improvisador e poeta. Produziu também literatura de cordel, porém nunca se considerou um cordelista.

Sua vida na infância foi marcada por momentos difíceis. Nasceu numa família de agricultores pobres e perdeu a visão de um olho. O pai morreu quando tinha oito anos de idade. A partir deste momento começou a trabalhar na roça para ajudar no sustento da família.

Foi estudar numa escola local com doze anos de idade, porém ficou poucos meses nos bancos escolares. Nesta época, começou a escrever seus próprios versos e pequenos textos. Ganhou da mãe uma pequena viola aos dezesseis anos de idade. Muito feliz, passou a escrever e cantar repentes e se apresentar em pequenas festas da cidade.

Ganhou o apelido de Patativa, uma alusão ao pássaro de lindo canto, quando tinha vinte anos de idade. Nesta época, começou a viajar por algumas cidades nordestinas para se apresentou como violeiro. Cantou também diversas vezes na rádio Araripe.

No ano de 1956, escreveu seu primeiro livro de poesias “Inspiração Nordestina”. Com muita criatividade, retratou aspectos culturais importantes do homem simples do Nordeste. Após este livro, escreveu outros que também fizeram muito sucesso. Ganhou vários prêmios e títulos por suas obras.

Patativa do Assaré faleceu no dia 8 de julho de 2002 em sua cidade natal.



                    Algumas Poesias de Patativa : 


Há dor que mata a pessoa
Sem dó nem piedade.
Porém não há dor que doa
Como a dor de uma saudade.
Patativa do Assaré



Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome, pergunto o que há?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará.
Patativa do Assaré


Sertão, argúem te cantô,
Eu sempre tenho cantado
E ainda cantando tô,
Pruquê, meu torrão amado,
Munto te prezo, te quero
E vejo qui os teus mistéro
Ninguém sabe decifrá.
A tua beleza é tanta,
Qui o poeta canta, canta,
E inda fica o qui cantá.

(De EU E O SERTÃO - Cante lá que eu canto Cá - Filosofia de um trovador nordestino - Ed.Vozes, Petrópolis, 1982)
Patativa do Assaré