sábado, 23 de outubro de 2010

Alguns motes com glosas e versos do Livro Poetas Encantadores .



Alguns VERSOS DE ZÉ DE CAZUZA (José Nunes Filho)
Poeta, Repentista, Declamador,
autor do livro POETAS ENCANTADORES

A mulher apareceu,
Apaixonei-me por ela,
Fui limpar ao nome dela,
Terminei sujando o meu.

Do teu riso e tuas frases,
Quisera sempre estar perto,
Teu amor foi um oásis,
Que surgiu no meu deserto.

Sobre dia de Finados

Hoje muita gente veio
Os seus mortos visitar,
Vindo apenas a passeio,
Depois volta pra morar.

Sobre o retirante, este improviso:

O pobre do retirante
Viaja sem rumo certo,
Quando já vai fatigado
Acha um juazeiro perto,
Parecendo um guarda-chuva
Que DEUS armou no deserto.

Sobre o oceano:

Na água do oceano,
Passeia alegre a garoupa,
A ventania agitada
Traz a onda dando poupa,
O sargaço vai saindo
O mar vai limpando a roupa.

Sobre a POESIA:

Quando ouço a POESIA
Fico que não me governo,
O poeta sem cantar
Padece um desgosto eterno,
É mesmo que o sabiá
Passar calado o inverno.

Vejamos essa sextilha,

Eu vou convidar BUCÊ,
Uma distinta pessoa,
perdoe do pobre poeta,
Meu repente, minha loa,
Mas seu nome tiro um fino
Numa coisa muita boa.

A pedido de um ouvinte, glosei este mote:
Anos depois batizou-se pelo precursor João:

JESUS foi circuncidado,
Por uma lei soberana,
Onde a profetiza ANA
Falara do seu reinado,
Com o peito alevantado,
Falou também Simeão,
Após a circuncisão,
Inda mais celebrizou-se.
Anos depois batizou-se
pelo precursor João.

Mote:
Diante da providência a ciência é mentirosa. Improvisei:

Vê-se as flores naturais,
perfumando o ambiente,
parecendo indiferente,
doutras artificiais,
umas cheirando demais,
e outras sem ser cheirosas,
quando o homem faz as rosas
fica faltando a essência,
Diante da providência
a ciência é mentirosa.

SONETO: Partida de minha mãe

Quem da terra partiu levando um riso,
Estampado nos lábios por lembrança,
Com certeza levava a esperança
De alcançar o perdão no paraíso.

Diz o filho sentindo o prejuízo,
A chorar pela mãe que fez mudança,
Aspirando de DEUS a confiança,
De abraçá-la no dia de juízo.

Sobre o seu leito quando morta estava,
Sua bela feição me retratava,
A feição duma santa de capela.

Senti nos olhos arrojado pranto,
A minha mãe que me estimava tanto
Só teve um filho pra chorar por ela.

Os dois retratos:

Sabe o que ficou pra mim
De mãe que nunca me esqueço
Um retrato do começo
E o retrato do fim.
Ambos agradam a mim,
Embora os veja sem gosto,
Um mostra rugas no rosto,
O outro tão diferente,
Um parece o sol nascente,
Outro parece o sol posto.

O meu livro poetas encantadores
contém um elenco fora de série
dos maiores cantadores do passado,
e dos atuais, onde citarei alguns versos dele,
Mote dado a Manoel Xudu:

Quanto é grande o poder do Criador. Que fabuloso improviso:
Analise o caju e a castanha,
São os dois pendurados num só cacho,
Bem unidos, um em cima, outro embaixo,
Porém tendo um do outro a forma estranha,
Dela, extrai o azeite, o sumo, a banha,
Dele, o suco pro vinho e o licor,
Quando ambos maduros mudam a cor
Ele fica amarelo e ela escura,
Mas o gosto dos dois não se mistura,
Quanto é grande o poder do CRIADOR.

Um cantador desafiando PINTO do Monteiro, disse:

Eu admiro o Senhor
Vir dizer a mim que é macho,
Que outro dia um sujeito
Passou-lhe a faca por baixo,
O sangue correu na perna,
Um gato comeu o cacho.

PINTO pegando na deixa, responde:

Disso prevenido me acho
Por um tipo mal e bruto,
Quando vagou a notícia,
Que eu perdia esse produto,
Tua mãe chorou com pena,
Inda hoje anda de luto.

Firmo Batista cantando com PINTO, termina uma sextilha dizendo:

Não sei porque é que PINTO
Só canta aqui nessa esquina.,
Resposta de Pinto:

Aqui é minha oficina,
Onde eu conserto e remendo,
Quando o ferro é grande, eu corto,
Quando é pequeno, eu emendo,
Quando falta ferro, eu compro,
Quando sobra ferro, eu vendo.


PINTO cantando um desafio com Lourival Batista, este termina:

Na cabeça desse PINTO
Eu ainda bato um prego.

PINTO:

Eu ainda te vejo cego,
Sem ter no bolso um vintém,
Pedindo esmola num beco,
Onde não passa ninguém,
Se passar seja outro cego,
Pedindo esmola também.

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